Quando o sotaque Britânico virou Americano?
Muitos sotaques mudam com o tempo. O pensamento sobre essa questão é que não foi o sotaque americano que mudou. De fato, é alegado que o sotaque americano se manteve o mesmo desde a era Elizabetana (ou era de Shakespeare) do século 16, quando os primeiros colonizadores chegaram à América. Enquanto que o sotaque americano ficou congelado (ou com algumas pequenas mudanças com o tempo), o sotaque britânico mudou acentuadamente. Muitos linguistas de fato dizem que a língua de Shakespeare funciona muito melhor com o sotaque americano.
A história do sotaque americano
O que podemos atestar por meio de várias gravações do passado é que o sotaque americano era muito diferente do sotaque britânico há 200 ou 300 anos atrás.
A maior diferença está no que chamamos de “rhotacism” (rotacismo). Essa palavra se refere a como o Inglês britânico moderno não usa o “R” quando pronuncia palavras como “barn” (celeiro) ou “farm” (fazenda).
O Inglês americano ainda tem partes do rotacismo como o Inglês antigo. Muitos colonizadores também adotaram e imitaram o modo não rótico (non-rhotic) de falar Inglês para que fossem diferentes e demonstrassem outro status. Isso ocorria principalmente nas cidades portuárias como Boston e Charleston e ao sul nas lavouras. Em algumas áreas do sudeste americano e também em Boston, o Inglês ainda é não rótico.
Porém, com a industrialização, as novas zonas de produção mudaram para outras cidades como Chicago e Filadélfia. A nova onda de imigrantes em busca de fortuna vinha de regiões como Norte da Inglaterra, Escócia e Irlanda, onde rotacismo também era uma característica. Depois disso, o sotaque foi ainda mais influenciado com a chegada dos imigrantes da Alemanha. Por isso, temos as diferenças de sotaques pela América, tudo dependendo da principal leva de imigrantes que se estabeleceram em cada local.
Enquanto isso, na Inglaterra ou como dizemos, do outro lado do Oceano Atlântico, ficou elegante usar o mesmo sotaque da era Vitoriana, que até hoje é o usado no sul da Inglaterra. No século 20 as classes mais baixas decidiram imitar o sotaque da classe alta. Os trabalhadores das colônias, as forças armadas, as rádios e outros meios de comunicação acabaram reforçando o uso deste sotaque no Inglês.
Existem muitas outras diferenças de sotaque entre o Inglês americano e o britânico, por isso não podemos simplificar muito esse assunto. O Inglês falado no canal da BBC pode ser um bom exemplo do sotaque britânico. Já o sotaque americano (ou para os americanos seria o Inglês sem sotaque) é chamado de sotaque americano geral (GenAm) ou também chamado de “Network English”. Obviamente que, com a velocidade de hoje, a língua muda rapidamente. O sotaque americano geral é difícil de ser encontrado e em muitas regiões como Filadélfia, Pittsburgh e Chicago, os sotaques hoje são todos únicos. O GenAm é agora considerado confinado no Centro-Oeste do país.
Assista ao interessante vídeo abaixo comparando o Inglês Shakesperiano com o Inglês que era falado durante a descoberta do Novo Mundo.
Já o vídeo abaixo mostra diferenças engraçadas entre o Inglês britânico e o americano. Foi gravado durante o Ellen Degeneres Show na entrevista com o ator britânico Hugh Laurie.